Idosos devem redobrar os cuidados ao tomarem medicamentos por conta própria. Pessoas que requerem maiores cuidados precisam de auxilio para administrar os remédios.
Muitas pessoas sempre têm uma receita caseira para uma febre, gripe, dor no corpo, indisposição ou, acabam recorrendo à internet ou ainda, à farmácia da esquina de casa para se automedicar. O que todos esquecem é o grande risco presente nesta atitude sem um devido atendimento médico.
Nos idosos, este risco agrava-se, pois uma idade avançada ou a saúde já debilitada pode gerar problemas de saúde ainda mais graves ou irreversíveis por conta de uma medicação errada. Para entender melhor destes riscos, veja uma entrevista com o médico geriatra, Dr. Paulo Brambilla, especialista em tratamento de dor e com experiência em Cuidados Paliativos. Confira:
O organismo dos idosos apresenta-se mais frágil e suscetível a intercorrências, mesmo quando livre de doença, como parte do processo natural de envelhecimento. A automedicação pode sobrecarregar esse organismo já mais fragilizado trazendo consequências graves à saúde como, por exemplo, o uso indiscriminado de anti-inflamatórios que são responsáveis por grande parte das doenças renais com necessidade de hemodiálise em idosos.
A internet é um ótimo meio de levar informações sobre saúde até a população, mas não deve substituir uma consulta médica de qualidade. Uma mesma doença pode apresentar-se de diferentes formas em cada indivíduo e uma avaliação médica individualizada do paciente é essencial para um diagnóstico adequado e tratamento seguro.
O uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios são os que os idosos mais usam sem orientação médica. São medicamentos, que na maioria das vezes podem ser comprados sem prescrição médica, e que podem trazer prejuízos importantes à saúde do idoso.
Uma orientação importante é que o paciente sempre converse com seu médico a respeito de qual medicamento usar em casos de dor. Assim, diante da necessidade, já saberá qual medicamento é seguro para o seu caso e por quanto tempo poderá usa-lo.
Alguns medicamentos podem ser seguros para uso por tempo determinado. Prolongar o tratamento sem orientação ou usa-lo novamente, mesmo que para a mesma queixa, pode trazer riscos ou mascarar sintomas de alguma doença mais grave. Se o paciente já realizou o tratamento conforme foi prescrito pelo médico e os sintomas permaneceram ou retornaram, a orientação é que passe por nova avaliação médica.
Um medicamento que é seguro para uma pessoa pode ser de grande risco para a outra. Uma mesma doença poderá ser tratada de forma diferente em dois pacientes, pois quando o médico prescreve um tratamento ele é individualizado de acordo com as comorbidades crônicas do indivíduo e segurança para associação com os medicamentos de uso contínuo.
Alguns medicamentos causam dependência química se usados por tempo prolongado. Os medicamentos mais associados com esse efeito são os indicados para tratamento de insônia. Muitos deles causam dependência grave e, portanto, só devem ser usados sob orientação e pelo tempo pré-determinado pelo médico.
Não aderir corretamente ao tratamento desrespeitando os intervalos entre os comprimidos compromete o efeito adequado do medicamento, podendo agravar o quadro.
É essencial respeitar a dosagem prescrita pelo médico. Na maioria das vezes, uma dosagem maior do medicamento não significa melhor efeito terapêutico e, sim, mais efeitos colaterais e riscos.
Se o idoso já não realiza suas atividades instrumentais com independência como cuidar de suas finanças, fazer compras ou deslocar-se pela cidade sozinho, significa que ele também não tem capacidade de administrar seus medicamentos sozinho. Nesses casos, a família deve sempre supervisionar esse uso, deixar os medicamentos previamente separados de acordo com os horários facilitando a correta adesão.
Tanto a automedicação como o autodiagnostico refletem a qualidade da assistência à saúde que a população recebe. Muitas vezes a automedicação e o autodiagnostico é que o resta para uma população mal assistida e que com isso acaba expondo-se a mais riscos.
Se automedicar e não procurar o atendimento médico na maioria das vezes não é uma escolha, mas sim, a única opção. Melhorar a assistência à saúde da população com garantia de acesso ao serviço de saúde é a melhor forma de combater esses altos índices de autodiagnosticos e automedicação e conseguir saúde com segurança.
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