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Exercícios para idosos: pilates e dança ajudam no equilíbrio e no fortalecimento muscular

O idoso sedentário tem muito mais dificuldade de reagir bem a uma queda do que aquele que pratica exercícios físicos. As consequências podem ser muito mais graves sem um longo trabalho de força, equilíbrio e potência (força de explosão). Essas são as três palavrinhas mágicas que não podem faltar na hora de recomendar uma atividade física para a terceira idade. Pilates e variações de danças, especialmente ballet e ballet fly, são bons exemplos. O objetivo é o envelhecimento ativo. Afinal, a expectativa de vida cresce quando se faz exercícios.

É o que afirma a fisioterapeuta Kátia Pedreira Dias, especialista em terceira idade e professora na área de geriatria e gerontologia da Faculdade de Medicina da UFF, ao comentar um dado alarmante: uma pesquisa americana recente publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), que apontou que, nos Estados Unidos, entre 2000 e 2016, o número total de falecimentos de maiores de 75 anos causados por quedas triplicou, saindo de 8.613 para 25.189 pessoas num ano. Um cadarço desamarrado, um par de meias sem chinelo, um objeto no alto, uma preguiça de acender a luz, entre outros descuidos, estão entre os fatores que mais levam um idoso à queda.

– É um tema do qual a gente fala há mais de 20 anos – comenta Kátia. – Quanto mais a pessoa cai, mais ela tem medo de se movimentar. E isso piora o quadro articular, o equilíbrio, a resistência e os reflexos. A cada dia de paciente acamado no hospital, você precisa de três dias para recuperá-lo, além da fisioterapia.

Para Kátia, a maior causa de morte de idosos é a queda, que não vem escrita no atestado de óbito.

– Morreu porque teve uma parada respiratória, uma infecção hospitalar etc. Mas o que vem antes de tudo isso é uma sequência de quedas que não são levadas a sério nem pelo idoso, nem pelos familiares – afirma.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano, subindo essa proporção para 32% a 42% para as pessoas com mais de 70 anos. Mais: 40% das mortes na terceira idade são decorrentes de quedas e 20% dos idosos que fraturam o quadril morrem após um ano. Geriatra do Hospital Universitário Antônio Pedro (UFF), Nalita Maria Mugayar explica que a queda é um problema de saúde pública, muitas vezes negligenciado, e que é a maior recorrência acontece dentro de casa, não na rua.

– Para de 30% a 40% dos idosos considerados saudáveis, a queda é uma realidade. Já entre os mais frágeis, a porcentagem é de 50%. É uma epidemia. Entre as causas extrínsecas está o ambiente, com calçadas sem manutenção e falta de acessibilidade, além casas e apartamentos sem iluminação e com móveis inadequados. Já entre os fatores intrínsecos estão o envelhecimento e a perda de capacidade física, como o equilíbrio. São fatores fisiológicos, e não uma doença – destaca Nalita.

A geriatra ainda lembra que o idoso faz mais uso de medicamentos do que o jovem, e alguns deles, como os psicotrópicos, podem aumentar a chance de queda. Mesmo sem medicamentos, a questão fisiológica pesa junto a força muscular, que começa a diminuir a partir dos 30 anos.

A potência é a primeira coisa que o idoso perde, que, no caso, tem relação com a rapidez. É muito comum, entretanto, médicos inexperientes prescreverem atividades aeróbicas que não trabalham com potência. Para Kátia, ela é essencial. É importante ressaltar que antes de prescrever qualquer atividade é preciso descartar as causas médicas da queda, como questões neurológicas e hipertensão. Se o motivo for falta de equilíbrio e força, então já está mais do que na hora de colocar o esqueleto para mexer. Kátia é defensora, por exemplo, do ballet na terceira idade.

– O ballet, além de trabalhar a força e o equilíbrio, exercita a atenção e a cognição através da música. O ballet dá disciplina – diz Kátia.

Como minimizar os riscos de queda? Através de hábitos alimentares e exercícios físicos. Mesmo quem nunca praticou, pode receber um programa voltado para a realidade do indivíduo, que leva em conta, principalmente, o prazer do idoso praticante.

Pilates

Para a geriatra Nalita, assim como a dança, o pilates fortalece os membros inferiores, em especial o quadríceps, e oferece equilíbrio, estabilidade, flexibilidade, resistência e força. O ballet tem todas essas qualidades, mas pode exigir um pouco mais de alguns idosos porque é também uma atividade aeróbica, que, consequentemente, pede maior disposição cardiovascular.

– Por isso o pilates é mais facilmente recomendado. Na dúvida, prescreva um exercício. Eu recomendo que o paciente sinta a própria tolerância, com acompanhamento médico, e não deixe de investigar quando existirem sintomas. O importante é fazer o que te dá prazer – completa ela, reforçando que é perfeitamente possível começar a praticar uma atividade na terceira idade.

Ballet no ar e no chão

O ballet fly, como muitas danças, oferece elasticidade, força, equilíbrio, flexibilidade, e além de tudo, prazer através da música. Se Irene tivesse mais tempo, ela faria muito mais do que apenas uma aula por semana. Segundo a aposentada, a sensação no fim do treino é de leveza, não de cansaço. Ela respeita os próprios limites, que são trabalhados junto aos profissionais que acompanham a aluna dedicada, e não esconde as dificuldades.

A fisioterapeuta Kátia Pedreira Dias é incisiva no assunto: para ela, o geriatra tem que fazer uma investigação profunda do paciente para encaminhá-lo para um bom nutricionista e fisioterapeuta e indicar a melhor atividade. A pessoa pode viver sem exercício físico, mas isso não quer dizer que ela vai viver bem. Para unir longevidade e saúde, é preciso uma boa alimentação e atividade física permanente.

Fonte: Eu Atleta – Globoesporte (https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/noticia/exercicios-para-idosos-pilates-e-danca-ajudam-no-equilibrio-e-no-fortalecimento-muscular.ghtml)

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