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Por que a automedicação pode ser um sério risco para idosos

Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu algum desconforto físico e tomou um remédio por conta própria, sem consultar um médico. Essa é uma prática muito comum na vida do brasileiro: segundo pesquisa realizada neste ano pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, quase metade (47%) da população se automedica pelo menos uma vez por mês.

O hábito é popular, porém, pode causar prejuízos à saúde. Efeitos colaterais, que podem ir desde uma dor de estômago simples até um sangramento gástrico complicado, por exemplo, são alguns dos possíveis danos em pessoas de todas as idades. Mas, quando tratamos de idosos, esses riscos só aumentam. É o que explica o médico geriatra Renato Gorga Bandeira de Mello, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

“Isso ocorre por diversas razões, como a modificação da composição corporal dos idosos (com menos água e menos gordura), que causa alteração na absorção do medicamento, menor capacidade de excreção do remédio, modificação do padrão de ação e da resposta aos distintos medicamentos”.

O também geriatra Natan Chehter, do Hospital Beneficência Portuguesa, chama a atenção para a mistura de medicamentos, que é mais comum em pessoas mais velhas.

“Os idosos, pelas condições de saúde, geralmente acabam precisando de mais medicamentos. Os remédios de uso contínuo e os da automedicação podem interferir entre si, e o efeito de um pode cessar, por exemplo. Quanto mais remédios, mais chances de ter efeitos colaterais”, diz.

A automedicação nunca é segura?

Será que nem mesmo um remédio para dor de cabeça pode ser consumido sem prescrição médica? Segundo o dr. Renato, “não há como garantir segurança, pois até mesmo os remédios com indicação médica podem causar efeitos indesejados”.

“A grande diferença é que o médico deverá discutir com o paciente quais são esses riscos, quais seus sinais e como proceder, caso aconteçam”, pontua o especialista. “Isso é especialmente importante para pessoas que tratam já alguma doença ou condição clínica por meio de outros remédios. No caso da automedicação, a insegurança seria maior ainda”.

A importância de consultar um especialista

“Existem casos de pessoas que acabam consumindo remédios de outras pessoas. Isso prejudica não só pelo fato de estar tratando a doença do outro, e não a sua, e fazendo um tratamento inadequado, mas também por aumentar o risco de ter um efeito ruim, porque aquele remédio foi prescrito naquela dose para aquela pessoa”, diz o dr. Natan.

“Não se automedique. Existe muito a ideia de que envelhecer é ter dor, que dores são da idade. Mas isso é quase tão perigoso quanto se automedicar. Você pode estar deixando de diagnosticar um problema maior por acreditar que ele é ‘normal da idade’ e, assim, deixando de se tratar da maneira correta”, alerta o médico.

A Dra. Livia Passini Gobbo, médica geriatra do Residencial Santa Cruz, explica que também há riscos na automedicação com suplementos alimentares. “Eles podem causar grandes problemas de saúde no idoso, principalmente nos rins, no fígado e piorar doenças crônicas como diabetes”, afirma.

Um exemplo é o impacto de suplementos proteicos em idosos que possuem insuficiência renal. “Pode agravar a doença.  Quando a suplementação é necessária, o recomendado é sempre procurar um profissional especializado para evitar possíveis complicações”, orienta a médica.

FONTE: R7 Saúde (https://noticias.r7.com/saude/por-que-a-automedicacao-pode-ser-um-serio-risco-para-idosos-16092019)

 

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